Curtindo a Vida Adoidado: O dia perfeito de Ferris Bueller (review)
- Rodrigo Marques
- 1 de abr.
- 4 min de leitura
Um tributo atemporal à rebeldia juvenil, Curtindo a Vida Adoidado continua inspirando gerações a aproveitarem o dia ao estilo Ferris Bueller.
Qualquer adolescente que se preze já teve (ou ainda terá) aquela vontade incontrolável de matar aula para "aproveitar o dia" e fugir das responsabilidades por algumas horas. Mas o sonho mesmo é fazer isso ao estilo Ferris Bueller. Se você ainda não conhece esse cara, termine de ler este texto e vá atrás dele. Sério.
O fato é que boas histórias são atemporais. Você não precisa ter vivido nos anos 1980 para se identificar com as aventuras de Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller’s Day Off). O filme, lançado em 1986 e dirigido por John Hughes, transforma uma simples escapada escolar em uma verdadeira obra-prima da rebeldia juvenil – do tipo que deixa qualquer estudante entediado morrendo de inveja.

A história gira em torno de Ferris Bueller (Matthew Broderick), um jovem carismático que parece estar sempre um passo à frente de todo mundo. Ele tem uma irmã, Jeanie (Jennifer Grey), que não suporta sua popularidade; o diretor de sua escola, sr. Rooney (Jeffrey Jones), obcecado em pegá-lo no flagra; e pais tão amorosos quanto distraídos. Em um dia de primavera em um subúrbio de Chicago , Ferris finge estar doente para ficar em casa e não ir à escola, dois meses antes de sua formatura, para tirar um "dia de folga". Até ai, tudo certo, mas o que torna a trama ainda mais divertida são seus dois fiéis escudeiros: Sloane (Mia Sara), sua namorada, que compra totalmente a ideia do dia perfeito, e Cameron (Alan Ruck), seu melhor amigo – um garoto ansioso e introspectivo que disputa a atenção do pai com sua maior rival: uma Ferrari 250 GT California.

E que dia! O trio faz um verdadeiro tour VIP por Chicago, com direito a visita ao museu, almoço em restaurante chique, partida de beisebol no Wrigley Field e, claro, Ferris cantando "Twist and Shout" (dos Beatles) em cima de um carro alegórico no meio do desfile Von Steuben Day Parade – uma das cenas mais icônicas do cinema. Enquanto isso, o sr. Rooney tenta, a todo custo, desmascará-lo, mas seus planos falham com a mesma frequência dos esquemas do Cebolinha tentando pegar a Mônica.

Ferris é aquele amigo que todo mundo gostaria de ter. Ele não apenas mantém a calma em qualquer situação, como ainda antecipa os próximos passos de quem tenta derrubá-lo. Sua perspicácia é tão absurda que nem sua própria irmã consegue expor sua farsa para os pais.
Mas a cereja do bolo é, sem dúvida, a famosa cena da Ferrari do pai de Cameron, retirada da garagem sem permissão. O detalhe? O dono do carro controla obsessivamente a quilometragem. Se você acha que vai dar ruim... bom, vai. A sequência em que os manobristas do estacionamento saem para dar um rolê secreto com a máquina ficou tão icônica que, recentemente, foi usada no vídeo que anunciou a chegada de Lewis Hamilton à Ferrari na Fórmula 1 em 2025.
Algumas curiosidades
Quase outro – Antes de Matthew Broderick ser escalado como Ferris, nomes como Johnny Depp, Jim Carrey e até Robert Downey Jr. foram considerados para o papel.
O tempo foi curto – O roteiro do filme foi escrito em apenas seis dias por John Hughes. Ele queria um filme leve e divertido que capturasse o espírito da juventude.
Cena icônica improvisada – O desfile de rua em que Ferris canta "Twist and Shout" não estava no roteiro original. A ideia surgiu no meio das filmagens, e a multidão que aparece dançando inclui figurantes e pessoas reais que passavam pelo local.
Referência a Clube dos Cinco – Quando o diretor Rooney invade a casa dos Bueller, um adesivo da escola Shermer High pode ser visto no quarto de Ferris. Essa é a mesma escola fictícia de Clube dos Cinco, outro clássico de John Hughes.
O telefone do Sr. Rooney existe! – O número que aparece no filme (555-1384) foi acidentalmente usado sem checagem, e várias pessoas nos EUA começaram a receber ligações de fãs perguntando se era o verdadeiro diretor da escola.
A Ferrari não era de verdade – Para evitar estragos em uma Ferrari 250 GT California original (um carro raríssimo e caríssimo), o modelo usado no filme era uma réplica feita pela Modena Design, uma empresa especializada em réplicas de carros clássicos.
A “quebra da quarta parede” foi inspirada em um musical – Ferris conversa diretamente com o público ao longo do filme, um recurso inspirado no personagem do Professor Harold Hill no musical The Music Man.
Curtindo a Vida Adoidado é um clássico da Sessão da Tarde porque é divertido, despretensioso e sempre funciona. Não importa quantas vezes você assista, ele continua despertando aquela vontade de largar tudo, pegar uma Ferrari emprestada (com moderação!) e sair cantando "Twist and Shout" pelas ruas de Chicago.
E aí, quando é que você vai tirar o seu dia de folga perfeito?




Comentários