Os 40 anos de "Ride The Lightning", a segunda obra-prima do Metallica
- Rodrigo Marques
- 27 de jul. de 2024
- 4 min de leitura
No dia 27 de julho de 1984, uma banda de quatro moleques sujos e mal encarados de São Francisco lançava um tal "Ride The Lightning", segundo álbum de estúdio e uma verdadeira obra-prima do thrash metal. Sucessor do explosivo Kill 'Em All, o disco mantém a fúria, a velocidade e o peso característicos da estreia, mas eleva a sonoridade da banda a um novo patamar. Com composições mais elaboradas, arranjos refinados e uma abordagem melódica mais evidente, Ride The Lightning consolidou o Metallica como um dos nomes mais inovadores e influentes do gênero.

Quatro décadas após seu lançamento, Ride The Lightning continua sendo um dos maiores clássicos não apenas do thrash metal, mas da música pesada como um todo. Relevante e influente até os dias de hoje, o álbum é item obrigatório na coleção de qualquer headbanger.
A seguir, confira algumas curiosidades sobre essa obra-prima do Metallica.

Quem gravou Ride The Lightning?
O segundo álbum de estúdio do Metallica foi registrado pela formação clássica da banda: James Hetfield (vocal/guitarra), Kirk Hammett (guitarra), Cliff Burton (baixo) e Lars Ulrich (bateria). Embora não tenha gravado nenhuma faixa do disco, um gigante do metal teve influência no resultado final – mas isso é assunto para outro momento.
O que significa Ride The Lightning?
Em português, Ride The Lightning pode ser traduzido como "Cavalgar o Relâmpago". No entanto, o título é uma expressão usada para se referir à execução na cadeira elétrica, um método de pena de morte.
A inspiração para o nome do álbum veio de Kirk Hammett, que encontrou a frase no livro A Dança da Morte, de Stephen King.
"Fui eu quem viu a frase ‘Ride The Lightning’. Aconteceu quando estávamos gravando o primeiro álbum (Kill 'Em All) e estávamos na casa de um cara (...). Eu estava lendo o livro The Stand, de Stephen King, esperando para gravar minhas partes, e li essa frase. Ficou na minha cabeça, então escrevi e contei ao James [Hetfield]. Ele disse: ‘Uau, legal’", revelou Kirk à Metal Hammer.
A capa original e a versão alternativa
A icônica arte de Ride The Lightning mostra uma cadeira elétrica em meio a uma tempestade. A capa original foi produzida na cor azul, mas existem raras edições do álbum com a capa esverdeada.
Segundo a Revolver Magazine, a Bernett Records – responsável pelo lançamento do álbum na França – acidentalmente imprimiu cerca de 400 cópias com a arte na cor verde, tornando-as itens de colecionador hoje em dia.

Um disco gravado do outro lado do oceano
Para finalizar Ride The Lightning, o Metallica cruzou o Atlântico e gravou o álbum no Sweet Silence Studios, em Copenhague, na Dinamarca. A decisão foi influenciada tanto pelo fato de Lars Ulrich ser dinamarquês quanto por questões financeiras, conforme revelou Hammett.
Naquela época, o tempo de estúdio era mais barato na Europa do que nos Estados Unidos. Nós já estávamos lá, pois tínhamos acabado de encerrar uma turnê pela Europa. Além disso, tínhamos a vantagem de Lars ser dinamarquês e, por isso, fechamos um acordo com o Sweet Silence Studios", revelou Kirk, durante entrevista concedida à revista Guitar World.

Saudade, solidão e melancolia
Lars Ulrich era dinamarquês, portanto, estava "em casa" durante as gravações de "Ride The Lightning". Porém, seus companheiros de banda estavam longe de suas residências e de seus entes queridos. "Nos sentíamos solitários por estarmos tão longe de casa. Pelo menos Cliff, James e eu. Todos nós tínhamos namoradas na época e ficávamos fora por três ou quatro meses de cada vez. Era aquele tipo de sentimento de solidão que se tem quando se está na estrada e longe dos entes queridos por muito tempo. Acho que esse sentimento básico foi canalizado para o álbum", disse Hammett.
Legado e reconhecimento
Ride the Lightning é, em poucas palavras, simplesmente fabuloso! Um clássico do thrash metal old school, mas muito mais do que isso. O álbum mostra uma banda significativamente mais madura em relação ao trabalho anterior, que era puro peso e agressividade. Sob a influência do genial baixista Cliff Burton – o único músico com formação teórica na banda –, o Metallica explorou composições mais elaboradas, faixas longas, arranjos complexos e até violões.
E sim, há até uma balada no disco, a icônica 'Fade to Black' – um detalhe convenientemente ignorado por aqueles que insistem que o Metallica “acabou” no Black Album e virou pop com baladinhas. Até hoje é considerado um dos melhores discos da história do rock, incluido até na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame, e vendendo mais de 6 milhões de unidades só nos EUA.
Algumas das principais faixas da banda estão no albúm, além da mencionada Fade To Black, musicas como 'For Whom The Bell Tolls', 'Creeping Death', a faixa título 'Ride The Lightning' e 'Fight Fire with Fire' também estão presentes até hoje no setlist dos shows da banda.



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